S. Tomas - Comentário ao De Anima (Livro II) de Aristóteles
>> quinta-feira, 5 de junho de 2014 –
Filo Medieval
Em seu comentário
ao Livro II da obra de Aristóteles S. Tomás de Aquino segue a concepção do
filósofo e busca aprofundá-la a partir de uma metafísica baseada no autor,
porém mais rica e detalhada. Assim trata por exemplo da diferença entre corpos
naturais e artificiais, tendo que o corpos naturais são mais substância que os
artificiais porque o são não apenas por parte da matéria, mas também da forma.
Trata ainda de especificar a diferença entre os corpos naturais, já que alguns
apresentam vida e outros não, sendo que os que tem vida se caracterizam por se
alimentatem, aumentarem e diminuirem, mas também por sentirem, inteligirem e
por exercerem as demais funções vitais.
O santo doutor apresenta ainda uma
definição de natureza da vida como sendo “algo
que é apto a mover-se por si mesmo, entendendo movimento de forma ampla, pela
qual as operações intelectuais podem ser chamadas de movimento”[1].
Em sua definição do que é a alma, afirma que é “forma substancia do corpo físico, tendo potência à vida”[2].
Explicando ainda a concepção de Aristóteles, trata de especificar que o mesmo
pensa a alma como forma, mas em sentido de forma substancial, para que não se
pense que a alma seja ato do mesmo modo que a forma acidental o é. O Doutor
angélico deixa ainda claro como a vida do corpo depende da sua união com a
alma, bem como a possibilidade de existência da alma sem estar unida ao corpo.
S. Tomás de Aquinho comentando o
capítulo terceiro do Livro II, procura ainda clarificar o plano para o restante
da obra, bem como demonstrar como as diferentes partes (faculdades) da alma se
ordenam consecutuvamente entre si. Aborda ainda a questão da imaginação e a
ordem que deve ser seguida na determinação da natureza de cada parte da alma.
Por fim apresenta uma conclusão pessoal.
Resulta muito claro que a simples
definição do que é alma não é sufuciente, mas a compreensão de cada uma de suas
partes não é menos importante. O doutor angélico trata de encontrar a razão
(causa) para as diversas partes da alma se ordenarem entre si consecutivamente.
A faculdade sensitiva não pode se dar sem a vegetativa, mas a vegetativa pode
se dar sem a sentiva (plantas), da mesma forma todos os sentidos dependem do
tato para exisitir, como também a faculdade motora não seria posssível sem a
sensitiva, o que também é facilmente entendido pela observação e pelo senso
comum. Demonstra que as substâncias separadas consideram inteligivelmente per
se as coisas per se e por isso não necessitam dos sentidos, porém os mortais
que possuem intelecto, isto é, os homens, necessitam que todas as faculdades
estejam plenamente ordenadas hamornicamente entre si.
Ainda
sobre a insparabilidade da alma e do corpo e da importância da relação entre as
faculdades da alma para a atividade inelectiva, própria da alma, o santo
destaca com exemplos simples como a operação intelectual necessita do corpo ou
como objeto ou como instrumento. “a
intelecção de fato não se realiza pelo órgão corporal, mas necessita do órgão
corporal. Desta maeira os fantasmas (fantasia)[3]
estão para o intelecto assim como as cores estão para a vista. De ond se segue
que o intelecto é uma operação própria da alma e não necessita do corpo senão
enquanto objeto, mas ver as demais operações e paixões não são apenas da alma,
mas conjuntas com o corpo”[4].