Aristóteles - De Anima - Livro II
>> quinta-feira, 5 de junho de 2014 –
FILO ANTIGA
Resumo
No
livro B, capítulo 1, Aristóteles começa o discurso buscando uma definição de
alma que abranja a sua realidade mais profunda que se constrói gradualmente até
chegar a enunciação de que é substância e o primeiro ato de um corpo natural
que possui vida em potência, assim afirma o filósofo, “a alma, portanto, tem de ser necessariamente uma substância, no
sentido de forma de um corpo natural que possui vida em potência”[1] em
seguida trata da organicidade deste corpo para finalmente falar da
inseparabilidade da alma.
Sua definição surpreende seja pela
originalidade, seja pela profundidade exemplificada através da analagia entre o
olho e a visão, pois para ele se o olho fosse um corpo a visão seria sua a
alma, isto para exemplificar como a alma é a forma do corpo e seu ato primeiro[2].
A
definição da inseparabilidade da alma em relação ao corpo também vem explicada
através da analogia, “como o olho é a
pupila e a visão, assim também o animal é a alma e o corpo. Que a alma não é
seperável do corpo, ou pelo menos certas partes dela não são – se é que a alma
por natureza é divisível em partes – isso não levanta dúvidas, pois o ato de
algumas (partes da alma) é o ato das partes mesmas (do corpo)”[3], termina o capítulo admitindo uma certa
separabilidade em outros aspectos, nos livros posteriores.
Já
no Livro B, capítulo 3, Aristóteles trata da relação e definição da alma pelas
suas faculdades, primeiramente considerando a relação de sucessão entre as
faculdades presentes na alma dos seres vivos, considera faculdades da alma a
parte nutrutiva, perceptiva, desiderativa, de deslocação e discursiva. Em
seguida parte para a análise da relação de sucessão entre as faculdades
presentes na alma dos seres vivos, destacando a quais faculdades compete cada
um, das plantas até o ser humano, sendo que somente a este último compete todas
as faculdades ou, se existir, a outro ser a ele semelhante ou superior[4]. O
processo de relação de sucessão pode ser facilmente identificado quando afirma
que das faculdades sensitivas se chega as mais intelectivas, por exemplo,
relaciona o tato ao desejo. A necessidade de investigação do tipo de alma de
cada ser vivo se torna importante para identificar como se dá a relação das
suas dferentes faculdades em cada um. Como se sabe, falar da alma não é fácil,
o autor constata que o estudo de cada faculdade é a melhor estratégia de
abordagem da alma.
Neste
trecho especialmente fica claro o método realista do filósofo, que parte sempre
da realidade e da abstração advinda da natureza, do cotidiano e de concepções
facilmnte compreendidas pelo senso comum, ainda que as leve a uma compreensão
mais precisa e profunda. O próprio processo de abstração vem explicado por
Aristóteles, tendo como condição fundamental os dados colhidos pelos sentidos,
bem como a capacidade de raciocínio, que apenas é possível ao ser humano, como
foi dito, se existe, a algum ser a ele semelhante ou superior.