Edith Stein - As Estruturas da Pessoa Humana - Parte III
>> quinta-feira, 15 de maio de 2014 –
Filo Contemporânea
Analisando
agora o terceiro capítulo da obra de Edith Stein, encontramos uma descrição e
análise profunda do ser humano a partir de sua materialidade, mas o mesmo tempo
considerando sua unidade enquanto organismo. A materialidade do corpo guarda
uma estreira relação com os outros aspectos essencias já citados nos capítulos
precendente e que ainda será aprofundados nos capítulos posteriores, que são a
alma e o espírito, estes garantem um aspecto fundamental da corporeidade, a sua
singularidade.
Tal
individualidade do corpo humano, facilmente constatada revela também a sua
forma, pois que não é apenas uma parte da espécie humana, mas um autêntico
exemplar da mesma, e ao mesmo tempo em que consideramos a sua extrema harmonia,
funcionamento, movimento notamos a sua unidade profunda, que não se perde mesmo
se em constante transformação. Isso nos mostra sem dúvidas, o quanto o método
de Edith Stein, se apresenta razoável e profundo na análise da pessoa humana,
de tal modo que a partir de uma análise profunda, mesmo considerando somente as
realidads em si mesma, se pode chegar às suas questões mais reveladoras e
profundas, tão de acordo com a visão cristã.
A profundidade da análise da santa
carlmelitana pode ser percebida ainda através da sua rica análise sobre os
sentidos humanos, em especial a audição, que revelam o aspecto de interioridade
espiritual do ser humano, pois “tudo isso
que caracteriza o corpo humano e o distingue dos outros corpos é uma ponte para
o nosso modo de ver que vai além do dato puramente sensorial e percebe sempre
mais do que um corpo puramente espiritual”.[1]
Assim, mais do que um corpo, o ser
humano é um organismo vivente, de tal modo que sua forma é determinada, fechada
em si mesma, e sua forma exterior vem de uma forma interior, que segundo ela,
S. Tomás de Aquino chamou de forma interior ou alma, enquanto Aristóteles a
chama de enteléquia, tal processo, assim tão harmonioso e determinado segundo
um fim permite também contemplar a unidade substancial entre a corpo e alma,
sendo que esta o determina e informa.
O movimento orgânico do corpo
humano, sua capacidade de apreender o necessário à sua própria subsistência, a
capacidade de gerar outros membros da mesma espécie são aspectos que não podem
ser ignorados, segundo a doutora carmelitana, no que chamamos por vida,
atividade, movimento.[2]
Na parte final do capítulo, tendo
presente a cosmologia aristotélico-tomista, ela considera ainda a linha de
separação entre o orgânico e o animal, isto é, a distinção entre o “eu” da
pessoa humana com o mundo que o cerca, bem como sua natural integração e
relação. Termina analisano o tender do processo vital que vai além do próprio
indivíduo.
Longa a leitura do texto e
considerando especialmente o contexto histórico de Edith Stein, de um empirismo
forte, nos vai ficando cada vez mais clara a sua tese de que se não
consideramos também os aspectos interiores do homem o risco e consequência não
é simplesmente não entender o que é o homem, como também toda a realidade.
[1] Edith Stein, La
struttura della persona umana, trad. di M. D’Ambra, Città Nuova, Roma 2000.
p. 76. (tradução pessoal)