Edith Stein - As Estruturas da Pessoa Humana - Parte VI
>> quinta-feira, 15 de maio de 2014 –
Filo Contemporânea
As diferentes partes da alma, vem
analisadas a partir de sua unidade fundamental, “é propriamente na relação entre as potências, os habitus, e os atos
tornam evidente a unidade da alma”[1],
bem como a força de tal unidade, que torna o ser humano um ser único onde o
corpo e a alma estão articulados de tal forma que qualquer influxo de um incide
no outro, sem jamais perder a unidade substancial. As condições de
desenvolvimento tanto nos animais quanto no ser humano dependem em grande parte
das condições advindas do ambiente externo, porém no ser humano existe uma
interioridade que o faz dominar e conduzir os estímulos de uma maneira diversa
aos outros animais, é o aspecto essencial da liberdade.
A santa apresenta a liberdade
fenomenológicamente, dado que o ser humano possui uma estrutura pessoal que o
permite abrir-se ou não a alteridade não
apenas percebe que o seu “eu” é diverso do “outro”, como também é consciente do
seu viver, ou seja, sua existência, tem sempre o poder de decidir entre o “eu
posso”, o “eu devo”, de tal modo que o poder,
o dever, o querer e o agir, entram
sempre em relação no jogo interior e exterior da liberdade.
Sua linha de investigação vem de
encontro com o personalismo, especialmente na concepção de Karol Wojtyla, na
qual o ser humano, por ser livre, tem sempre a responsabilidade de formar-se,
bem como interagir e transformar o mundo de forma positiva, uma vez que a
alteridade (outros seres e o mundo) apresentam para ele uma condição
fundamental de existência e de felicidade nesse processe de auto-formação. A
intencionalidade, constatada na razão e no intelecto, sao os sinais mais
evidentes da liberdade, e a relação de interdependência entre a vontade e a
razão demonstram aspecto também essencial do espírito humano, que pode e deve
ser conduzido segundo um ou mais valores,
que realmente orientam o ser do homem e todo o seu agir.
Os valores constituem os motivos que
norteiam a conduta humana, e “como
resultado provisório dessa visão de conjunto podemos constatar umaa formação de
vida psíquica humana movendo-o a partir de um ‘eu’”[2].
E o que é este “eu”? É a pessoa espiritual e livre, a qual podemos chamar
apenas por pessoa humana, de tal modo que esta não é apenas um corpo vivente,
mas um ser que domina esse corpo e pode ser dito vivente nele, podendo
observá-lo.
A alma humana então não pode
exisitir sem este “eu”, ao mesmo tempo que este “eu” não pode exisitir sem uma
alma humana. Assim vem explicada de forma muito simples e facilmente
compreensível a relação de dependência e mútua relação entre alma e corpo, pois
que este corpo formado de diversas partes necessita de uma alma como sua forma
substancial e orienta, coordena e determina a sua existência e forma de viver,
ao mesmo tempo que o ser psíquico-espiritual adquirem forma neste corpo vivente
através de todos esses aspectos, o que podemos constatar ainda quando algo não
vai bem, como certas doenças, má formações do corpo, que determinam
necessariamente o eu espirtual do ser humano. Por fim a santa termina o sexto
capítulo o aspecto importante do dever e sua respectiva relação com a
consciência, nesse jogo interior do ser humano[3].