Aristóteles - Metafísica (Livro XII, 6-10)
>> domingo, 10 de novembro de 2013 –
FILO ANTIGA
(Resumo)
A partir do capítulo 6º Aristóteles busca expor as
caratcterísticas da susbtância supra sensível citada nos capítulos anteriores. Para
introduzir novamente a questão o autor faz uma clara alusão a Platão, que deixa
claro a ideia de participação dos seres sensíveis nas Ideias, porém sem
explicar o que seria a causa (movimento) dessa participação. Assim o filósofo
parte do conceito de geração e destruição para explicar a Substância Supra
sensível.
A sua exposição é muito coerente e simples de entender, parte de
que o ato é anterior à potência, buscando explicar o princípio (causa) do
movimento explica que não basta um princípio (causa motriz) que não opere e que
não exercite a sua capacidade de mover, ou seja, que não mova em ato, logo, o primeiro
motor deve ser em ato. Aqui refuta definitivamente, ainda que muito
respeitosamente, os que sustentam a teroria das Formas (Platão e seus imediatos
seguidores) sem explicar o princípio do movimento. “se, pois,
há um ciclo constante, deve haver um ser, cuja ação siga sendo eternamente a
mesma. E, para que exista geração e destruição, deve um outro princípio que
sempre haja em diferentes sentidos. É preciso, então, que este segundo
princípio haja num sentido em virtude de si mesmo e noutro sentido em virtude
de outra coisa.” (1072 a 10-15)
O que fica evidente em Aristóteles é que as Ideias de Platão não
possuem esta capacidade de mover, ou seja, não são princípios ativos. Dizemos
que a crítica do filósofo é respeitosa porque não simplesmente a ignora, antes
busca dar um passo a mais, pois os platônicos de então admitem uma Substância
Imóvel, ele contudo busca uma explicação diversa que explique a causa do movimento,
e aqui introduz claramente a necessidade das final, como retomará no capítulo
9º. Aqui expõe a última das causas expostas nos livros anterios da Metafísica,
a causa final, que “um ser, a bem do qual se pratica a ação, uma
coisa que a ação tem em mira” (1072 b 1-3).
Já no capítulo 7º, ao meu ver também o mais importante do Livro
XII, o autor afirma que a Substância Supra Sensível é a causa final do
movimento e aqui podemos identificar propriamente uma definição dela como ato
puro (subsistens in se e per se).
“Um ser que move sem ser movido, e que existe
em ato, esse ser não pode ser diferente do que é” (1072 b 7). Ainda no
capítulo 7º notamos que para Aristóteles esta Substância é Deus, pois “Tal é o princípio ao qual estão sobordinados
os céus e toda Natureza” (1072 b 14). Aqui justificam-se duas coisas: sua
importância para a filosofia cristã e para todos os estudiosos posteriores que
buscaram sempre nele o fundamento para a unidade de Deus e também o porquê o
livro XII da Metafísica é chamado de a teologia de Aristóteles.
Encontramos ainda uma definição de Deus muito filosófica, como
vida perfeita, eterna e plena, ideias que foram amplamente utilizadas pelos
filósofos cristãos, em especial por São Tomás. “A Vida reside nele, porque a atualidade do pensamento é vida e, Deus é
esta atualidade; a atualidade autônoma de Deus é a vida perfeita e eterna.
Dizemos, pois, que Deus é um ser vivo, eterno e supremamente bom. De sorte que
a ele pertencem a vida e a duração contínua e eterna; pois isso é Deus”
(1072 b 26-29). Encanta-nos o fato de Aristóteles, sem ter acesso nenhum à Revelação
judaico-cristã, chegue a conceber um Deus tão próximo a Ela.
Para além disso, o que notamos é que o Motor imóvel é ser
pensante, capaz de entender e de querer, e mais do que encontrar aqui um
fundamento para Deus como sendo criador e causa motora de tudo, encontramos
também caracterísiticas fundamentais de Deus como pessoa, pois as pessoas são
capazes de querer e de entender. Levemos em consideração é, claro, que o
contexto religioso ao qual Aristóteles está imerso apresenta justamente a ideia
de que os deuses são pessoas tomando o cuidado de não fazer um salto imprópio à
ideia de pessoa expressa na Trindade cristã.
O capítulo 7º expõe ainda as caracterísiticas fundamentais da
Substância Pura: eterna, imóvel, separada dos seres sensíveis, impassível e
inalterável, não possui extensão (logo é também indivísivel). Aqui também
apresenta uma característica fundamental que será depois utilizada por S. Tomás
em De Aeternitate, para justificar
que a criação a partir do infinito não seria contrária à razão. “pois ela produz o movimento através do tempo
infinito, e nada que é finito pode ter um poder infinito. Toda extensão é
finita ou infinita, essa substância, pela razão dada acima, não pode ter uma
extensão finita; e tão pouco pode ter extensão infinita, porque tal coisa
jamais existiu.” (1073a 6-10)
No capítulo 8º Aristóteles tenta explicar se tal susbtância é
uma ou mais de uma e conclui que só pode ser uma. Ainda no capítulo 8º o autor
utiliza o conceito de inspiração (cfr. 1074 b 10) que mereceria ser mais
explorado, pois qual o seria o sentido da expressão do autor?
No capítulo 9º o autor parte mais uma vez da ideia do pensamento
de Deus para explicar a causa final, que explica a intencionalidade.
Por fim, gostaria ainda de destacar que no capítulo 10º
Aristóteles nos dá mais uma aula de humanidade e de como se constrói o saber
filosófico, citando respeitosamente diversos autores precedentes e dialogando
com eles, colocando questões e buscando respostas.