Aristóteles - A Metafísica Livro I (cap. 7-10)

(Resumo)

O capítulo 7 traz a crítica dos filósofos pré-socráticos e a afirmação da própria teoria aristotélica da causalidade. Segundo Reale1[a crítica de Aristóteles pode ser resumida no fato de que eles falaram no primeiro princípio cada um a seu modo, mas nenhum pensou nas quatro causas de uma forma organizada e sistemática. Na análise da causa final, realizada pelos platônicos, pode-se antever a existência dos primeiros princípios (essência e substância), porém se eles o fizeram foi acidentalmente. Notamos que Aristóteles parece um pouco rigoroso na sua análise, pois seus predecessores não poderiam ter pensado tal coisa de forma tão clara. Coube a ele organizar e sistematizar tal doutrina, analisar acertos e erros, pois é assim que se dá o processo de conhecimento.

Segundo Fonseca2
[, o capítulo 8 apresenta a crítica aristotélica das concepções filosóficas da escola Jônica, que admitiam a existência de um só princípio material como substância única de todas as coisas. Aristóteles primeiro critica os filósofos monistas, depois os pluralistas (Empédocles e Anaxágoras) e, por fim, os pitagóricos.
Aos monistas ele critica: 1) por terem colocado um princípio capaz de explicar apenas as coisas corpóreas; 2) por não terem explicado o porquê da geração (causa motriz); 3) por não terem falado sobre a causa formal; 4) por apresentarem o elemento originário insuficientemente e de modo contraditório. Empédocles é criticado por apresentar os 4 elementos como originários, derivando um do outro porém sem explicar a causa do movimento e de tal mudança. Critica Anaxágoras por considerar absurdo que na origem os elementos estivessem todos misturados: 1)essências específicas diversas não podiam estar primordialmente misturadas, 2) não podiam misturar-se por acaso. Critica os pitágóricos essencialmente por dois motivos: 1) porque não explicam o porquê do salto do ideal para o real 2) porque não esclarecem se o número que é causa formal das coisas é também causa material delas.

O capítulo 9 é destinado à critica platônica das Idéias, pois segundo Aristóteles, ela é incoerente em si mesma e não explica o mundo real. Segundo Reale3 os argumentos podem ser resumidos da seguinte forma: o mundo das ideias é uma duplicação desnecessária do mundo sensível; os argumentos utilizados pelos platônicos para demonstrar o mundo das ideias são insuficientes, as Idéias são inapropriadas ou insuficientes para constituir ou explicar a realidade sensível.

Vale pensar que a crítica de Aristóteles, segundo o que discutimos em sala de aula, é um tanto quanto injusta, pois exige uma precisão demasiado rigorosa de Platão, tendo em vista o momento de pesquisa ao qual estava inserido, além disso, o próprio filósofo pôde dar um passo adiante a partir do que foi estudado antes dele, evidentemente refletindo, corrigindo e reelaborando a doutrina acumulada até então. Assim se constrói e se pensa a filosofia, estudando o que já foi pensado e exposto para depois comparar, corrigir quando necessário e sempre buscando tornar atual a reflexão.

Por fim, no capítulo 10 apresenta a conclusão aristotélica, já repetida diversas vezes nos capítulos anteriores e também uma explicação do seu método utilizado, bem como uma transição ao livro II.

Ao meu ver Livro I da Metafísica não é muito rigoroso quanto a sequência lógica dos assuntos tratados
, pois vai e volta nos mesmos assuntos diversas vezes dizendo a mesma coisa de uma maneira diferente, o que torna à leitura um pouco exaustiva e sem um fluxo narrativo muito claro.

O grande encantamento e relevância dessa leitura, na minha opinião, está no fato de evidenciar o sentido do estudo da filosofia, o seu objeto (Sabedoria primeira), a sua excelência em relação a qualquer outro tipo de conhecimento, bem como o seu método (observação racional da realidade).


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1 Cfr. ARISTOTELE , Metafisica, a cura di G. Reale, 3 voll., Vita e Pensiero, Milano 1993, pag 65-66
2 Cfr. ARISTÓTELES, Metafísica, Coleção Os Pensadores, São Paulo 1984, pag. 26.

3 Cfr. ARISTOTELE , Metafisica, a cura di G. Reale, 3 voll., Vita e Pensiero, Milano 1993, Pag 74.

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