Husserl - A Filosofia Como Ciência Rigorosa (I)
>> sábado, 13 de abril de 2013 –
Filo Contemporânea
(Parte 1)
Husserl, como todo filósofo, pode ser melhor compreendido quando situado em um contexto histórico, pois o pensamento nunca está desvinculado do tempo, por isso antes de analisarmos o conteúdo desta obra, tratemos de analisar alguns dos principais aspectos biográficos de seu autor.
Nascido
em família hebreia, em 1859 na República Tcheca, estudou matemática em Berlim.
Seu gosto pela matemática influenciou muito seu pensamento filosófico, pois
assim como se faz nesta ciência, se esforçará por encontrar um método
científico para a filosofia. Depois de se converter ao cristianismo
protestante, assisitiu aulas do filósofo Franz Bretano. Lincenciado e
habilitado para ser professor universitário em 1887, seguiu esta carreira por
toda a vida e escreveu diversas obras filosóficas, dando origem à assim chamada
Fenomenologia.
“A Filosofia Como Ciência de
Rigor” é considerada sua principal obra, a qual nos propomos a analisar neste breve
resumo. A Obra se divide em 2 partes, na primeira procura fazer uma crítica bem
fundamentada à filosofia naturalística.
Husserl
critica o naturalismo da consciência e das ideias, pois pretende chegar à
verdade da consciência e afirma que para isso é necessário ir além da filosofia
naturalística, porém, isso deve ser realizado sempre com método. Que coisa é a
consciência para Husserl? (consciência => suejito => eu)
Afirma
a contradição do naturalismo, pois de um lado vai do materialismo comum às “recentes”
formas de monismo sensitivos e emergentistas, uma naturalização da consciência que
inclui a naturalidade da consciência intencional-imanente e de outro lado a
naturalização das ideias, que inclui cada ideia e norma absoluta.[1]
Por
isso, para o autor, as ciências naturais são, já em seus pontos de partida, um
tanto quanto ingênuas e não são capazes de chegar à essência das coisas. “É óbvio que as coisas estão e são no espaço
infinito enquanto estão em repouso, em movimento, mutáveis, e enquanto coisas
temporais no tempo infinito. Nós as percebemos e as descrevemos em simples
juízos a partir da experiência.” Mas para Husserl apenas isso não é suficiente,
“a tarefa da ciência natural é conhecer
isso de modo objetivamente válido e rigorosamente científico.” [2]
Husserl
afirma que para chegar à essência é necessária a própria consciência, porque
ela é capaz de entrar nas possíveis funções cognoscitivas segundo todas as suas
formas, mas, na medida em que cada consciência é “consciência de”, o estudo da
essência da consciência inclui também aquilo que é o significado e a
objetividade da consciência enquanto tal.
Em
resumo, o centro da sua crítica à filosofia naturalística é que para ele a
filosofia deve ser capaz de chegar à essência da consciência em si mesma para
poder estabelecer uma ciência, ou seja, uma fenomenologia da consciência, ao
invés de uma mera concepção naturalística da consciência.
Assim, “a fenomenologia trata da pura consciência, ou seja, da consciência cultivada na abordagem fenomenológica”[3]. A fenomenologia deve partir da coisa e de suas manifestações, porém, deve ir além disso, pretende chegar à essência e este é propriamente o seu papel, chegar ao eidhos.
Assim, “a fenomenologia trata da pura consciência, ou seja, da consciência cultivada na abordagem fenomenológica”[3]. A fenomenologia deve partir da coisa e de suas manifestações, porém, deve ir além disso, pretende chegar à essência e este é propriamente o seu papel, chegar ao eidhos.
Afirma
ainda a capacidade de intuição da essência diante da coisa e o papel da
filosofia, através da fenomenologia é justamente estabelcer o método justo para
isso, sendo o ponto de partida o fenômeno e a filosofia fenomenológica o
caminho.
Husserl,
ainda na primeira parte da obra, afirma que o conhecimento intelectual necessita
de um mínimo conhecimento sensorial, mas uma vez que se chega à essência,
pode-se também chegar aos conceitos e através da abstração não se precisa mais
recorrer tão somente às experiências sensíveis, daí a importância do método
proposto pela sua fenomenologia. Critica ainda o psicologismo, muito presente
na corrente filosófica contemporânea a ele, pois para ele sofre do mesmo
defeito metodológico que sofreu a metafísica, a imitação da geometria e da
física.[4]
Na
segunda parte da obra, que nos propomos a analisar no próximo resumo, o
filósofo dedicar-se-á à crítica da filosofia historicista.