II. 6. O Estoicismo: A autarquia da virtude


Na variedade de sua expressões o estoicismo é um verdadeira sistema filosófico, um dos que mais influenciaram a filosofia posterior. De suas concepções teóricas basta recordar a convicção de que o universo é uma estrutura racionalmente organizada, porque admite uma explicação completa em termos racionais.
    
      A faculdade pela qual o homem pensa é o logos está presente e rege todo o universo, ao que se denomina, Natureza cósmica de Deus.
     A filosofia é o caminho para a felicidade. Para o estoicismo, a felicidade consiste em viver segundo a natureza, que é o mesmo que viver segundo a razão e que viver de acordo com as virtude éticas. Assim o tema aristotélico da contemplação da verdade perde toda sua importância.
      O bem aventurado seria o homem para o qual não existe outro bem nem outro mal de que uma alma boa o má. Somente a virtude assegura a harmonia interior e a imperturbabilidade da alma. Os demais bens (saúde, fortuna, beleza etc) assim como as atividades que o buscam são indiferentes (adiáfora) e o sábio e virtuoso deve experimentar diante deles uma atitude de desprendimento, indiferença e um calmo abandono (apatheia). O virtuoso é feliz mesmo em meio a mais completa privação desses bens.
       À explicação estóica pode-se objetar que não consegue harmonizar a prática da virtude com a vida humana vista como um todo e apesar de sublinhar a importância da virtude, o estoicismo não coloca em relação a contemplação da verdade nem se harmoniza com os bens que integram a vida e a perfeição humana. Propõe um ideal de possessão de si mesmo mediante a renúncia e mediante a negação da dimensão vital e espiritual do ser humano. Em vez de busca o sumo bem, contenta-se em evitar o sumo mal (o sofrimento, a angústia etc), busca uma renúncia de si mesmo, porem de forma estéril.

       O ponto mais forte do estoicismo é a convicção de que o valor da vida humana tem que estar nas mãos do próprio homem, idéias que se consolidou na filosofia ocidental, sua fragilidade está no fato de não conseguir harmonizar essa convicção com o fato, não fácil de superar de que a felicidade humana requer também um ótimo ajuste entre o homem e o mundo.

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