Este texto é mais um precioso presente exclusivo para o nosso Blog.

O “tutano” do cristianismo

Pe. Françoá Costa



    Viver ignorando a Deus é, no mínimo, uma falta de bom senso. A medula óssea da religião cristã afirma a ação de Deus a favor do homem e, nesse sentido, é uma crítica aguda a essa falta de bom senso. Em 1942 tinha-se fundado na Inglaterra o Clube Socrático da Universidade de Oxford. O presidente do clube era o famoso escritor, Lewis, o autor das “Crônicas de Nárnia”.

   Em um determinado momento um conferencista relativista terminava a sua intervenção com a seguinte afirmação: “o mundo não existe, Inglaterra não existe, Oxford não existe e eu não estou seguro de que eu exista”. Lewis, mestre em respostas rápidas, disse-lhe: “e como vou dirigir-me a um homem que não está aqui.” Efetivamente, nós só podemos dirigir-nos a alguém que existe! De maneira semelhante, podemos dirigir-nos a Deus porque ele existe e é pró-homem. Isso que parece tão evidente merece uma glosa: um Deus que simplesmente existisse, mas não atuasse no mundo e não tivesse nenhuma relação com a minha existência concreta, ser-me-ia totalmente indiferente.

    O interessante do anúncio cristão é que Deus se fez vizinho a cada pessoa humana, Deus se engajou na situação humana. Como gostavam de afirmar os Padres da Igreja, Deus se fez homem para que o homem se fizesse Deus. Há um “divino comércio”, uma troca de relações, nas quais participamos.

    A religião cristã não é uma religião de livro, nem mesmo da Bíblia; não é a religião de um código, nem mesmo do Direto Canônico; não é uma religião de Normas, nem mesmo dos Dez Mandamentos. O primeiro na religião cristã não é um escrito, nem mesmo uma moral. Muitos foram os autores no final do século XIX e no começo do XX que entraram nessa questão: qual é a essência do cristianismo? Romano Guardini, conhecido pensador, também se preocupou com esse assunto.

    Fruto das suas indagações foi o famoso livro A essência do cristianismo, no qual escreve logo no começo que a essência do cristianismo “não é nem uma doutrina de verdade nem uma interpretação da vida (...) A essência do cristianismo está constituída por Jesus de Nazaré, pela sua existência, sua obra e seu destino concreto; ou seja, por uma personalidade histórica”. Jesus de Nazaré é o Deus que se fez homem para que homem fosse divinizado.

   A pessoa de Cristo tem uma significação única. No Evangelho, contemplamos a Cristo colocando-se no centro de tudo e interpretando a Lei com uma autoridade digna de admiração.
Diante de Cristo, de sua personalidade única, de suas exigências santas, muitas pessoas continuam dizendo o mesmo que aqueles discípulos afirmaram depois do discurso sobre o Pão da Vida;
escandalizados, já não quiseram andar em sua companhia por que “isto é muito duro! – diziam - Quem o pode admitir” (Jo 6,60).

   A Igreja Católica, depositária do Mistério de Cristo, não pode mais que anunciar Jesus Cristo, sua Pessoa e sua Obra salvadora. Muitas pessoas se escandalizarão também nos dias de hoje, ainda que se sintam profundamente atraídas. O cristão, por sua parte, procurará sempre fazer amável o seguimento de Cristo, mas sem omitir a verdade. É preciso dizer sempre a verdade sobre Jesus Cristo e sobre suas exigências santas. Não se trata de ser grosseiros ou mal educados, trata-se de fidelidade a Cristo já que “o espírito é que vivifica” (Jo 6,63).

    A moral cristã deriva da fé em Jesus, se trata da “fé que opera pela caridade” (Gl 5,6). De fato, o Catecismo da Igreja Católica traz a parte moral somente depois da explicação da Profissão de fé e da celebração da fé, que é a Liturgia. Desta maneira, o Catecismo nos mostra que a moral cristã é imitação de Cristo. A moral do cristão é sua ação – inteligente e livre – que segue as pegadas do Mestre. A pessoa que recebeu o Sacramento do Batismo participou realmente na morte e na ressurreição de Jesus, e atua em consequência. Assim como o agir segue o ser, os costumes dos filhos de Deus são consequências do fato deles serem o que são, ou seja, filhos de Deus. A uma criatura nova corresponde uma Lei nova. A Lei do Espírito foi gravada em nossos corações com as letras do fogo do amor de Deus. Precisamos conceber toda a nossa vida tendo a Cristo como fundamento, centro e fim da nossa existência, pois ele “me amou e se entregou por mim” (Gl 2,20).

    A suavidade do cristianismo se manifestará mais intensamente na medida em que compreendermos e vivermos essa vida nova que Ele nos conquistou pela sua Cruz e Ressurreição.
  
    Retiremos da cabeça toda e qualquer mentalidade legalista, como se o cristianismo fosse um conjunto de regras, de normas: não matarás, não cobiçarás, não, não, não, não... A coisa é bem diferente: o cristianismo é um profundo SIM: à vida, à beleza, à bondade, à dignidade do ser humano. Nós vemos em Cristo o homem perfeito e percebemos que só ele pode nos colocar numa
posição de novidade, de modernidade, de uma autêntica rebelião contra a morte, a feiúra, a maldade e ao mau-trato de tantos seres humanos. É somente nesse segundo momento que o cristão diz não, e di-lo com firmeza: não ao pecado!

    O cristianismo trará sempre uma mensagem “nova como o Evangelho e como o Evangelho, velha”. Para acolhê-la é preciso fé no Pai, em Cristo, no Espírito Santo. É importante que confiemos cada vez mais naquele que é o Senhor do tempo e da história, Jesus Cristo.

Mais um precioso presente do amigo
Pe. Françoá Costa, Diocese de Anápolis.

Anônimo –   – (25 de novembro de 2010 às 03:35)  

Obrigado Pe. Françoá, por mais este texto de poesia e Fé! Parabéns Pe. Gilberto por colocá-lo no Blog.
Raphael

MAURA CRISTINE  – (26 de novembro de 2010 às 03:19)  

OBRIGADO PADRE GILBERTO E AO PADRE FRANÇOÁ POR ESTE BELISSÍMO TEXTO DE FÉ.
É PRECISO IR ALÉM.ALÉM DO QUE OS NOSSOS OLHOS PODEM VER,ALÉM DO QUE O NOSOS SENTIDOS PODEM CAPTAR.É PRECISO IR ALÉM E CHEGAR AO RECÔNDITO DO NOSSO CORAÇÃO ONDE SÓ A LINGUAGEM DA ALMA, DOS SENTIMENTOS DA SIMPLICIDADE DA FÉ É CAPAZ DE ALCANÇAR.

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