Conversão


1. O QUE É CONVERSÃO?


Vejamos como o dicionário define essa palavra:
Ação de voltar / Movimento que faz voltar / Mudança de forma ou de natureza / Mudança ou substituição de uma obrigação por outra.
Verificamos ainda no trânsito: o motorista que faz uma conversão muda totalmente de direção, passando de um sentido a outro completamente oposto ao anterior.
            E em nossa vida espiritual o que vem a ser conversão?
Acredito que todos aqui já tiveram no mínimo uma primeira conversão, foi a partir do momento que resolveram abraçar a VERDADE aceitando Jesus Cristo como verdadeiro Deus e Salvador da humanidade, quando abraçaram a fé da santa Igreja Católica nascida do lado aberto de Nosso Senhor na Cruz.
            Irmãos o que significa para nós saber (pois está na Sagrada Escritura) que a nossa Igreja foi fundada por Cristo, “e eu te declaro:  tu és Pedro e sobre esta pedra eu edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão sobre ela”  (Mt 16, 18).
            Mais do que isso o que significa saber que nossa Igreja nasce na Cruz, no lado aberto de Nosso Senhor. Se a nossa Igreja nasce na Cruz, nós quando abraçamos a fé também devemos estar dispostos a abraçar essa Cruz que foi o preço da nossa Salvação.
            Quando nos dizemos convertidos, implicitamente dizemos que mudamos totalmente de direção, ou seja, não caminhamos mais em direção ao pecado, em direção a nossa própria satisfação. E isso explica porque alguns de nossos amigos, talvez vocês conheçam algum, que depois de perseverar na fé desanimaram e acabaram abandonando a fé, ou até mesmo partindo para outras religiões. (exemplo de Alexandre Magno).
            Deus não interfere em nossa liberdade e se por livre vontade quisermos trocar a VERDADE por uma mentira somos livres.
Com toda certeza essas pessoas buscaram a si mesmas, e não a glória de Deus, buscaram a felicidade nessa vida e infelizmente não descobriam que a felicidade nessa vida só acontece quando abraçamos a Cruz com amor, sem resignação. (Exemplo dos três modos de abraçar a Cruz o do mau ladrão, o de São Dimas e de Nosso Senhor).
            Portanto é muito necessário que conheçamos o que abraçamos, a Salvação Eterna, e é importante que saibamos que não devemos buscar a nós mesmos, as nossas satisfações e sim a glória de Deus, assim não correremos o risco de, como alguns de nossos amigos, ao perceberem que deveriam abrir mão de certos prazeres ou satisfações, acabaram por abandonar a fé.
            Não buscavam adaptar sua vontade com a de Deus, mas buscavam um deus que se adaptassem a eles, religiões que não ensinam a castidade de vida, a retidão de intenção e a renúncia de si mesmo.
            “Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Porque aquele que quiser salvar sua vida perdê-la-á; mas aquele que tiver sacrificado a tua vida por minha causa, recobrá-la-á.” (Mt 16, 24-25).
            Vejamos que Deus está falando claramente sobre a Vida eterna, a Verdadeira Vida.

2.  COMO É A VIDA DE UM CONVERTIDO?

Não significa que o católico é uma pessoa infeliz que só deve sofrer, de modo algum, a diferença é que nossa felicidade se identifica com a Cruz, porque se somos cristãos, somos imitadores de Cristo e se Ele, que é Deus, abraçou a Cruz com amor, nós cristãos, também aprenderemos a amar a cruz.
“A vida cristã jamais se reduziu a um entrançado aflitivo de obrigações, que deixa a alma submetida a uma tensão exasperante.”
Nossa vida “Amolda-se às circunstâncias individuais como uma luva à mão e pede que no exercício das nossas tarefas habituais, nas grandes e nas pequenas, com a oração e a mortificação, não percamos jamais o “ponto de mira” sobrenatural” (São Josemaría Escrivá - Amigos de Deus, 137)
Um santo de nossos tempos gostava de se imaginar como um “burrico”, todos sabemos que um burrico precisa ser dominado para que não se afaste de seus objetivos, o objetivo desse burrico era Deus e ele sabia que era necessário animá-lo para que o seu trote fosse tão alegre e brioso quanto é possível esperar de um jumento.
Conheço ainda uma outra pessoa, que gosta de se sentir como um cachorrinho que precisa ser “encoleirado”, um cachorrinho como outro qualquer, que tem forte inclinação para os prazeres, dirige o seu agir pelo instinto, mas quem o leva pela coleira é Maria e essa coleira é para ele motivo de alegria, porque lhe garante a vida, sabe que se uma Carrocinha o achar ele não vai virar sabão.
Devemos buscar Cristo, tendo-o encontrado e já o encontramos quando nos convertemos, devemos amá-lO, ser enamorados por Ele.


3.  PERSEVERANÇA, COMEÇAR E RECOMEÇAR SEMPRE.

Para que não nos afastemos por covardia dessa confiança que Deus deposita em nós, que somos a sua Igreja,  devemos evitar aquilo que eu diria que é o mal do católico que deixou esfriar aquele amor inicial da conversão, a presunção.
 Infelizmente ainda encontramos pessoas na Igreja, presunçosas que não aceitam ser corrigidas e quando recebem uma correção fraterna de alguém que lhe quer o melhor fica logo “toda ofendidinha”.
Que não seja assim entre nós, jovens, cristãos que ainda estamos aprendendo a amar a Igreja a vida Crista, devemos extirpar todo orgulho que ainda existe em nós e não devemos menosprezar ingenuamente as dificuldades que hão de aparecer em nosso caminho de cristão.
Devemos estar bem cientes que em nosso caminho de convertidos.  Enquanto combatemos – um combate que há de durar até a morte – Não devemos excluir a possibilidade de derrotas, eis que algumas vezes o nosso inimigo parecerá ter se erguido diante de nós parecendo vitorioso, rindo de nossas quedas.
É justamente essa a hora de se evitar a presunção e a tristeza por ter caído, porque o mérito de um convertido perseverante está em começar e recomeçar sempre, após a queda devemos nos levantar, e sabemos que agora já somos mais experientes e se não formos orgulhosos saberemos tirar frutos das ocasiões de quedas porque elas servem para nos mostrar de que barro somos feitos.
(exemplo da Viagem de Amyr Klink – Tempestades)
Devemos lembrar que Deus nos conhece e nos ama e está sempre pronto a nos perdoar no sacramento da Confissão. Pergunte-se a si mesmo, a quanto tempo não me confesso? Cometi algum pecado grave desde a última confissão? Já busquei o perdão de Deus para eles?
            A madre Maria José que morreu em odor de santidade disse uma frase que tem me marcado muito que diz o seguinte: “O maior erro, maior que o próprio pecado é duvidar da infinita misericórdia de Deus”
            Portanto irmãos, “para frente, aconteça o que acontecer! Bem agarrados ao braço do Senhor, considera que Deus não perde batalhas.”
            “Se te afastas deles por qualquer motivo, reage com a humildade de começar; de fazer de filho pródigo todos os dias; até mesmo repetida vezes nas vinte e quatro horas do dia; de acertar o coração contrito na Confissão” (São Josemaría Escrivá - Amigos de Deus, 214)
“Além disso, a Mãe de Deus, que é também nossa mãe, nos protege com sua solicitude maternal e nos firma em nossos passos” (cf. São Josemaría Escrivá - Amigos de Deus, 214)


4. O QUE É FÉ?

            Ensina-nos o Catecismo da Igreja Católica que fé é uma graça, ou seja, se é graça é concedida por Deus.
            “Quando São Pedro confessa que Jesus é o Cristo, Filho do Deus Vivo, Jesus lhe declara que esta revelação não lhe veio “da carne e do sangue, mas de meu Pai que está nos céus”. (CTC 153 e Mt 16,17)
            A fé é um dom de Deus, uma virtude sobrenatural infundida por Ele. A nós foi dada a fé no momento de nosso Batismo, pois naquele momento recebemos a graça santificante e se permitirmos, com o auxílio do Espírito Santo infundido em nossa alma nós trataremos de aumentá-la  e cultivá-la.
            Irmãos, a fé é como uma luz e sé é luz não é cega, portanto nossa fé de modo algum pode ser cega. É como nos diz o Pe. Jonas Abib, “eu não quero só dizer amém, minha vida vai ser um grande louvor”.
            Nossa fé não deve ser cega porque a fé em si, é luz, Cristo disse “Eu sou a Luz do mundo, aquele que me segue não andará nas trevas. Mas terá a luz da vida” e nós repetimos essas palavras de Cristo todos os dias na santa missa, alguma vez já paramos para pensar em sua profundidade?
            Quanto mais fé tem uma pessoa, mais luz terá em seu caminho, mais se permitirá ser guiada pela Sapientíssima vontade de Deus. “Senhor o que tu quiseres” (Aléxia).
            O apóstolo Paulo nos exorta afirmando, em sua carta aos Efésios “Outrora éreis trevas, mas agora sois luz”.
            Irmãos, é como refletimos a pouco, antes éramos trevas porque caminhávamos em sentido oposto ao caminho da salvação Eterna, mas Deus quis que nos convertêssemos, que o conhecêssemos, dando-nos a fé.
            Quando uma pessoa não tem fé, não compreende o motivo das coisas, não compreende o sentido do sofrimento e por vezes, perde a alegria.
            A fé não se perde, por isso não aceito quando alguém me diz: “Eu perdi minha fé” e com a autoridade de cristão eu lhe digo: Você já a teve?
            Devemos deixar que a fé ilumine a  nossa vida, como nos ensina o Santo Padre João Paulo II, “a fé deve ser como uma luz que ilumina e rege os caminhos da razão.” (cf. Fides et Ratio)
            A fé é que deve guiar o nosso agir e não a vaidade, a gula o sexo....
            “A fé é que me permite ver Cristo, é ver em Cristo” (São Josemaría) Isso significa que sé entenderemos o sentido pleno de cada circunstância cotidiana se nos esforçarmos para ver as coisas com olhos sobrenaturais, ver o mundo como Cristo o vê?
            E como Cristo vê o mundo?
            São Tiago nos ensina que não podemos ser amigos do mundo e amigos de Deus, mas podemos amar o mundo apaixonadamente, isto é, saber que a nossa vida terrena, os nossos deveres cotidianos do cristão há de ser o preço do Céu para nós.
           
5. TENHO FÉ?

            Ter fé é dar importância as coisas verdadeiras (Eucaristia, Bíblia, Igreja, S. Tradição)  é ter uma vida coerente, sendo um bom aluno no colégio ou na faculdade, sendo um bom filho dentro de casa, sendo um namorado apaixonado e respeitador, enfim, é ser cristão não apenas na Igreja, mas em todos os lugares que passar.
            Oxalá, fossem tais nosso aprumo e nossa conversação que todos pudessem dizer ao nos ouvir falar: “Este Lê a vida de Jesus Cristo” (São Josemaría, Caminho 02)
            Irmãos que fique bem claro que a fé não é para se saber, mas para viver, pois o juízo final não será uma prova de vestibular, mas seremos julgados pelas nossas ações, pelas boas e más obras que realizamos nessa vida.
            Nossa fé só tem valor se a vivermos.
           
6.  A VERDADEIRA FÉ.

Irmãos a melhor maneira de saber se temos fé ou não é refletir sobre como nos dirigimos a Eucaristia.
A Eucaristia é o maior tesouro que temos, é o próprio Deus em Corpo, Sangue, Alma e Divindade.
Costumo comungar com a confissão em dia? Faço visitas ao Santíssimo Sacramento? Como é o meu trato com a Eucaristia?
Posso dizer com sinceridade como o Pe. Roberto: “Jesus Sacramentado, Nosso Deus amado” trato Jesus Eucarístico como Meu DEUS amado.
Como acreditar que tem fé uma pessoa que trata a Eucaristia como um pedaço de pão?
Ao mesmo tempo, não devemos ter uma fé sentimental, não devemos medir a qualidade da nossa comunhão analisando se “senti” ou não a presença real de Jesus Cristo na Eucaristia.
Talvez, no início de nossa conversão as coisas fossem mais claras em nossa vida, e provavelmente percebíamos mais a mão de Deus nas coisas, mas a verdade é que Deus nos trata a medida que necessitamos.
Talvez no início de nossa conversão precisássemos de algo mais concreto para confirmar a nossa fé, mas hoje em dia não, porque sabemos que Deus dirige a nossa Vida.
Ë hora de pedalar na subida.....
A fé é uma adesão filial a Deus acima do que vemos, acima daquilo que sentimos, nos ensina o Catecismo da Igreja.
            Irmão amados, a virtude necessária para a fé é a humildade, pois Jesus dá exemplo de humildade, quando sendo Deus, se faz homem e mais do que isso se faz presente na Eucaristia. Não existe maior prova de  amor e humildade do que a presença real de Jesus na Eucaristia.
Se todos nós vivermos a fé cristã, realizaremos a maior revolução de todos os tempos, a começar por esse grupo de jovens.

Além disso, contamos com Santa Maria, que nos deu exemplo de verdadeira fé com o seu Fiat, “Eis aqui a serva do Senhor faça se em mim segundo a vossa palavra” (Lc 1, 38).

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