Conversão
>> quinta-feira, 11 de março de 2010 –
PALESTRAS
1. O QUE É CONVERSÃO?
Vejamos como o
dicionário define essa palavra:
Ação de voltar /
Movimento que faz voltar / Mudança de forma ou de natureza / Mudança ou
substituição de uma obrigação por outra.
Verificamos
ainda no trânsito: o motorista que faz uma conversão muda totalmente de
direção, passando de um sentido a outro completamente oposto ao anterior.
E em nossa vida espiritual o que vem
a ser conversão?
Acredito que todos aqui já tiveram no
mínimo uma primeira conversão, foi a partir do momento que resolveram abraçar a
VERDADE aceitando Jesus Cristo como verdadeiro Deus e Salvador da humanidade,
quando abraçaram a fé da santa Igreja Católica nascida do lado aberto de Nosso
Senhor na Cruz.
Irmãos o que significa para nós
saber (pois está na Sagrada Escritura) que a nossa Igreja foi fundada por
Cristo, “e eu te declaro: tu
és Pedro e sobre esta pedra eu edificarei a minha Igreja; as portas do inferno
não prevalecerão sobre ela” (Mt 16, 18).
Mais do que isso o que significa
saber que nossa Igreja nasce na Cruz, no lado aberto de Nosso Senhor. Se a
nossa Igreja nasce na Cruz, nós quando abraçamos a fé também devemos estar
dispostos a abraçar essa Cruz que foi o preço da nossa Salvação.
Quando nos dizemos convertidos,
implicitamente dizemos que mudamos totalmente de direção, ou seja, não
caminhamos mais em direção ao pecado, em direção a nossa própria satisfação. E
isso explica porque alguns de nossos amigos, talvez vocês conheçam algum, que
depois de perseverar na fé desanimaram e acabaram abandonando a fé, ou até
mesmo partindo para outras religiões. (exemplo de Alexandre Magno).
Deus não interfere em nossa
liberdade e se por livre vontade quisermos trocar a VERDADE por uma mentira
somos livres.
Com toda certeza essas pessoas buscaram
a si mesmas, e não a glória de Deus, buscaram a felicidade nessa vida e
infelizmente não descobriam que a felicidade nessa vida só acontece quando
abraçamos a Cruz com amor, sem resignação. (Exemplo dos três modos de abraçar a
Cruz o do mau ladrão, o de São Dimas e de Nosso Senhor).
Portanto é muito necessário que
conheçamos o que abraçamos, a Salvação Eterna, e é importante que saibamos que
não devemos buscar a nós mesmos, as nossas satisfações e sim a glória de Deus,
assim não correremos o risco de, como alguns de nossos amigos, ao perceberem
que deveriam abrir mão de certos prazeres ou satisfações, acabaram por
abandonar a fé.
Não buscavam adaptar sua vontade com
a de Deus, mas buscavam um deus que se adaptassem a eles, religiões que não
ensinam a castidade de vida, a retidão de intenção e a renúncia de si mesmo.
“Se alguém quiser vir comigo,
renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Porque aquele que quiser
salvar sua vida perdê-la-á; mas aquele que tiver sacrificado a tua vida por
minha causa, recobrá-la-á.” (Mt 16, 24-25).
Vejamos que Deus está falando
claramente sobre a Vida eterna, a Verdadeira Vida.
2. COMO É A VIDA DE UM CONVERTIDO?
Não significa que
o católico é uma pessoa infeliz que só deve sofrer, de modo algum, a diferença
é que nossa felicidade se identifica com a Cruz, porque se somos cristãos,
somos imitadores de Cristo e se Ele, que é Deus, abraçou a Cruz com amor, nós
cristãos, também aprenderemos a amar a cruz.
“A vida cristã
jamais se reduziu a um entrançado aflitivo de obrigações, que deixa a alma
submetida a uma tensão exasperante.”
Nossa vida
“Amolda-se às circunstâncias individuais como uma luva à mão e pede que no
exercício das nossas tarefas habituais, nas grandes e nas pequenas, com a
oração e a mortificação, não percamos jamais o “ponto de mira” sobrenatural” (São Josemaría Escrivá - Amigos de
Deus, 137)
Um santo de nossos
tempos gostava de se imaginar como um “burrico”, todos sabemos que um burrico
precisa ser dominado para que não se afaste de seus objetivos, o objetivo desse
burrico era Deus e ele sabia que era necessário animá-lo para que o seu trote
fosse tão alegre e brioso quanto é possível esperar de um jumento.
Conheço ainda uma
outra pessoa, que gosta de se sentir como um cachorrinho que precisa ser
“encoleirado”, um cachorrinho como outro qualquer, que tem forte inclinação
para os prazeres, dirige o seu agir pelo instinto, mas quem o leva pela coleira
é Maria e essa coleira é para ele motivo de alegria, porque lhe garante a vida,
sabe que se uma Carrocinha o achar ele não vai virar sabão.
Devemos buscar
Cristo, tendo-o encontrado e já o encontramos quando nos convertemos, devemos
amá-lO, ser enamorados por Ele.
3. PERSEVERANÇA, COMEÇAR E RECOMEÇAR
SEMPRE.
Para que não nos
afastemos por covardia dessa confiança que Deus deposita em nós, que somos a
sua Igreja, devemos evitar aquilo que eu
diria que é o mal do católico que deixou esfriar aquele amor inicial da
conversão, a presunção.
Infelizmente ainda encontramos pessoas na
Igreja, presunçosas que não aceitam ser corrigidas e quando recebem uma
correção fraterna de alguém que lhe quer o melhor fica logo “toda ofendidinha”.
Que não seja assim
entre nós, jovens, cristãos que ainda estamos aprendendo a amar a Igreja a vida
Crista, devemos extirpar todo orgulho que ainda existe em nós e não devemos
menosprezar ingenuamente as dificuldades que hão de aparecer em nosso caminho
de cristão.
Devemos estar bem
cientes que em nosso caminho de convertidos.
Enquanto combatemos – um combate que há de durar até a morte – Não
devemos excluir a possibilidade de derrotas, eis que algumas vezes o nosso
inimigo parecerá ter se erguido diante de nós parecendo vitorioso, rindo de
nossas quedas.
É justamente essa
a hora de se evitar a presunção e a tristeza por ter caído, porque o mérito de
um convertido perseverante está em começar e recomeçar sempre, após a queda
devemos nos levantar, e sabemos que agora já somos mais experientes e se não
formos orgulhosos saberemos tirar frutos das ocasiões de quedas porque elas
servem para nos mostrar de que barro somos feitos.
(exemplo da Viagem
de Amyr Klink – Tempestades)
Devemos lembrar
que Deus nos conhece e nos ama e está sempre pronto a nos perdoar no sacramento
da Confissão. Pergunte-se a si mesmo, a quanto tempo não me confesso? Cometi
algum pecado grave desde a última confissão? Já busquei o perdão de Deus para
eles?
A madre Maria José que morreu em
odor de santidade disse uma frase que tem me marcado muito que diz o seguinte:
“O maior erro, maior que o próprio pecado é duvidar da infinita misericórdia de
Deus”
Portanto irmãos, “para frente,
aconteça o que acontecer! Bem agarrados ao braço do Senhor, considera que Deus
não perde batalhas.”
“Se te afastas deles por qualquer
motivo, reage com a humildade de começar; de fazer de filho pródigo todos os
dias; até mesmo repetida vezes nas vinte e quatro horas do dia; de acertar o
coração contrito na Confissão” (São Josemaría Escrivá - Amigos de Deus, 214)
“Além disso, a Mãe de Deus, que é
também nossa mãe, nos protege com sua solicitude maternal e nos firma em nossos
passos” (cf. São Josemaría Escrivá - Amigos de Deus, 214)
4. O QUE É FÉ?
Ensina-nos o Catecismo da Igreja
Católica que fé é uma graça, ou seja, se é graça é concedida por Deus.
“Quando São Pedro confessa que Jesus
é o Cristo, Filho do Deus Vivo, Jesus lhe declara que esta revelação não lhe
veio “da carne e do sangue, mas de meu Pai que está nos céus”. (CTC 153 e Mt
16,17)
A fé é um dom de Deus, uma virtude
sobrenatural infundida por Ele. A nós foi dada a fé no momento de nosso
Batismo, pois naquele momento recebemos a graça santificante e se permitirmos,
com o auxílio do Espírito Santo infundido em nossa alma nós trataremos de
aumentá-la e cultivá-la.
Irmãos, a fé é como uma luz e sé é
luz não é cega, portanto nossa fé de modo algum pode ser cega. É como nos diz o
Pe. Jonas Abib, “eu não quero só dizer amém, minha vida vai ser um grande
louvor”.
Nossa fé não deve ser cega porque a
fé em si, é luz, Cristo disse “Eu sou a Luz do mundo, aquele que me segue
não andará nas trevas. Mas terá a luz da vida” e nós repetimos essas
palavras de Cristo todos os dias na santa missa, alguma vez já paramos para
pensar em sua profundidade?
Quanto mais fé tem uma pessoa, mais
luz terá em seu caminho, mais se permitirá ser guiada pela Sapientíssima
vontade de Deus. “Senhor o que tu quiseres” (Aléxia).
O apóstolo Paulo nos exorta
afirmando, em sua carta aos Efésios “Outrora éreis trevas, mas agora sois
luz”.
Irmãos, é como refletimos a pouco,
antes éramos trevas porque caminhávamos em sentido oposto ao caminho da salvação
Eterna, mas Deus quis que nos convertêssemos, que o conhecêssemos, dando-nos a
fé.
Quando uma pessoa não tem fé, não
compreende o motivo das coisas, não compreende o sentido do sofrimento e por
vezes, perde a alegria.
A fé não se perde, por isso não aceito
quando alguém me diz: “Eu perdi minha fé” e com a autoridade de cristão eu lhe
digo: Você já a teve?
Devemos deixar que a fé ilumine
a nossa vida, como nos ensina o Santo
Padre João Paulo II, “a fé deve ser como uma luz que ilumina e rege os caminhos
da razão.” (cf. Fides et Ratio)
A fé é que deve
guiar o nosso agir e não a vaidade, a gula o sexo....
“A fé é que me permite ver Cristo, é
ver em Cristo” (São Josemaría) Isso significa que sé entenderemos o sentido
pleno de cada circunstância cotidiana se nos esforçarmos para ver as coisas com
olhos sobrenaturais, ver o mundo como Cristo o vê?
E como Cristo vê o mundo?
São Tiago nos ensina que não podemos
ser amigos do mundo e amigos de Deus, mas podemos amar o mundo apaixonadamente,
isto é, saber que a nossa vida terrena, os nossos deveres cotidianos do cristão
há de ser o preço do Céu para nós.
5.
TENHO FÉ?
Ter fé é dar importância as coisas
verdadeiras (Eucaristia, Bíblia, Igreja, S. Tradição) é ter uma vida coerente, sendo um bom aluno
no colégio ou na faculdade, sendo um bom filho dentro de casa, sendo um
namorado apaixonado e respeitador, enfim, é ser cristão não apenas na Igreja,
mas em todos os lugares que passar.
Oxalá, fossem tais nosso aprumo e
nossa conversação que todos pudessem dizer ao nos ouvir falar: “Este Lê a vida
de Jesus Cristo” (São
Josemaría, Caminho 02)
Irmãos que fique bem claro que a fé
não é para se saber, mas para viver, pois o juízo final não será uma prova de
vestibular, mas seremos julgados pelas nossas ações, pelas boas e más obras que
realizamos nessa vida.
Nossa fé só tem valor se a vivermos.
6. A VERDADEIRA FÉ.
Irmãos a melhor
maneira de saber se temos fé ou não é refletir sobre como nos dirigimos a
Eucaristia.
A Eucaristia é o
maior tesouro que temos, é o próprio Deus em Corpo, Sangue, Alma e Divindade.
Costumo comungar
com a confissão em dia? Faço visitas ao Santíssimo Sacramento? Como é o meu
trato com a Eucaristia?
Posso dizer com
sinceridade como o Pe. Roberto: “Jesus Sacramentado, Nosso Deus amado” trato Jesus
Eucarístico como Meu DEUS amado.
Como acreditar que
tem fé uma pessoa que trata a Eucaristia como um pedaço de pão?
Ao mesmo tempo,
não devemos ter uma fé sentimental, não devemos medir a qualidade da nossa
comunhão analisando se “senti” ou não a presença real de Jesus Cristo na
Eucaristia.
Talvez, no início
de nossa conversão as coisas fossem mais claras em nossa vida, e provavelmente
percebíamos mais a mão de Deus nas coisas, mas a verdade é que Deus nos trata a
medida que necessitamos.
Talvez no início
de nossa conversão precisássemos de algo mais concreto para confirmar a nossa
fé, mas hoje em dia não, porque sabemos que Deus dirige a nossa Vida.
Ë hora de pedalar
na subida.....
A fé é uma adesão
filial a Deus acima do que vemos, acima daquilo que sentimos, nos ensina o
Catecismo da Igreja.
Irmão amados, a virtude necessária
para a fé é a humildade, pois Jesus dá exemplo de humildade, quando sendo Deus,
se faz homem e mais do que isso se faz presente na Eucaristia. Não existe maior
prova de amor e humildade do que a
presença real de Jesus na Eucaristia.
Se todos nós
vivermos a fé cristã, realizaremos a maior revolução de todos os tempos, a
começar por esse grupo de jovens.
Além disso,
contamos com Santa Maria, que nos deu exemplo de verdadeira fé com o seu Fiat, “Eis
aqui a serva do Senhor faça se em mim segundo a vossa palavra” (Lc 1, 38).