Introdução

“Das duas uma: deve-se filosofar ou não se 
deve filosofar, mas, para 
negar a necessidade do 
filosofar, ainda sim, preciso filosofar” (Aristóteles)



Ao percorrermos as páginas que se seguem iniciaremos um interessante estudo sobre a história da filosofia antiga e poderemos encontrar respostas às questões mais profundas a respeito do pensamento humano, e mais do que isso, a respeito de toda a realidade que cerca e permeia a natureza humana. O que é filosofia?Que assuntos estuda? Para quê serve? Como surgiu? Qual a sua relação com os demais campos do saber?

As respostas as perguntas acima e aquelas que podem surgir em decorrência delas serão fornecidas ao longo dessas páginas pelos filósofos que nos propomos a ler durante o nosso curso, principalmente Aristóteles (e através dele, os filósofos da phisys, da escola jônica, pitagóricos e eleátas) e Platão, mas também Parmênides, Sêneca, Plotino, Porfírio.

A filosofia não é propriamente um saber, é Sabedoria, como afirma Aristóteles em sua Metafísica, e como se pode notar nas páginas a seguir, para entender o que é filosofia, antes de mais nada, é nessário praticá-la, porque mais do que apresentar definições prontas, procuraremos à luz dos filosofos acima citados, em especial Arisóteles, tratar da verdadeira vocação do filósofo, que é procurar a raiz última de toda a realidade elevando ao nível máximo possível as potências da razão humana, auxiliando o homem a se libertar das amarras do conhecimento falso, das armadilhas ideológicas tão presente nos tempos atuais, bem como uma visão superficial da realidade, tantas vezes emergentes do relativismo contemporâneo.

Desde o seu surgimento na Grécia Antiga (sec. VI a.C.) a filosofia viu seu campo de investigação crescer imensamente, pois suas ramificações obedece sempre as exigências do pensamento humano, suas necessidades e questionamentos mais profundos, em todos os tempos e contextos da história humana.

Segundo Aristóteles a filosofia é a ciência das primeiras causas e por este motivo deve indagar sobre a natureza das causas sobre quais princípios é constituída a realidade. A filosofia foi, nos diversos filósofos estudados, apresentada como um atributo divino e por esse motivo o filósofo em geral é apresentado, de Aristóteles a Sêneca, como aquele que se aproxima sempre mais das realidades divinas.

Nessa perspectiva a Metafísica é apresentada como a filosofia do Ser, estudando o Ser em geral, buscando descobrir o que as coisas são, como surgem, do que são constituídas e como se relacionam entre si.
As leituras propostas nos permitirão ainda estudar outras ramificações da filosofia e seus respectivos papéis na busca do conhecimento, em especial a Lógica, que estuda as regras do bom raciocínio, a corespondência entre o raciocínio e a realidade. Nessa linha, destacamos Parmênides, que desenvolve ou “descobre” o assim chamado princípio de não contradição, meio fundamental para o desenvolvimento de todo e qualquer raciocínio, além de outros, como o princípio da evidência. Poderíamos enumerar aqui outros conceitos fundamentais no processo de desenvolvimento do pensamento humano desenvolvidos de diversas formas nas páginas que se seguem e que serão expostos nos diversos autores estudados: maiêutica, dialética, doxa, episteme, aporia, refutação, tautologia, analogia, univocidade, equivocidade etc.

As leituras a seguir fornecem ainda uma compreensão ampla de diversos outros ramos da filosofia, como Teoria do Conhecimento (a possibilidade de conhecer, a origem e essência do conhecimento e a natureza da verdade), Cosmologia, reletindo o mundo físico (sua origem, constituição etc), Filosofia Moral, tendo como objeto os aspectos relacionados ao agir humano considerado mais excelente, Antropologia Filosófica, que procura responder a pergunta sobre que é o homem e aos diversos aspectos da sua natureza e do seu comportamento, entre outros...

Numa ordem cronológica, podemos afirmar que os resumos a seguir mostram a passagem do pensamento mítico-religioso ao pensamento filósofico-científico, surgido nas colônias gregas da Jônia, mostrando uma ruptura entre essas duas formas de pensamento resultante das transformações na sociedade grega da época.

Ao ler a Metafísica de Aristóteles, passaremos brevemente e na visão do autor, sobre os filósofos da physis, que eram estudiosos da natureza, tendo como objeto de investigação o mundo natural, estudando a causalidade, interpretada em termos estritamente naturais e em seguida a arqué, buscando-se a existência de um elemento primordial (água, ar, terra, fogo), ou através do múltiplo, devir e mesmo dos números (escola pitagórica). Em seguida se verá uma visão mais abragente quanto aos Cosmos, com ideias de ordem, hamonia e beleza, passando-se para o Lógos.
Sócrates e os sofistas nos são apresentados por Platão nos seus diálogos Parmênides e Eutifron, como também em A República. Platão apresenta os sofistas como mestres da retórica e da oratória e Sócrates como opositor dos mesmos, ao defender a necessidade do conhecimento de da Verdade sobre a natureza das coisas, afastando-se das opiniões e buscando a definição das coisas.

Em Platão vemos ainda o início do período clássico da filosofia Antiga que culminará em Aristóteles. Fica evidente como Platão sofre forte influência dos pitagóricos e eleatas no desenvolvimento da sua teoria sobre as Ideias e na sua visão sistemática e orgânica de toda a realidade. Para ele a Filosofia é uma forma de saber que possui um carater também ético e político, como se vê em A República, na qual caracteriza esse saber, sua relação com a realidade e o processo pelo qual pode ser adquirido, bem como sua relação ético-política.

Aristóteles, por sua vez rejeita a teoria das ideias e o dualismo platônico, como alternativa propôe em sua Metafísica, uma concepção do real que parte da substância individual, composta de matéria e forma, valoriza o saber empírico e a ciência natural, desenvolvendo uma concepção sistemática do saber que influenciou fortemente toda a filosofia posterior.

Ao ler Sêneca veremos as raízes do pensamento estóico com peculiaridades epicuristas e o caráter eminentemente ético do seu pensamento, bem como a confirmação do caráter sapiencial anteriormente citado tomado pela filosofia, o que se notará também nos neo-platônicos Plotino e Porfírio.
Os resumos a seguir pretendem, portanto, introduzir-nos no estudo da filosofia antiga e sobretudo captar essencialmente a importância, objeto e método da filosofia.


Anônimo –   – (6 de fevereiro de 2013 às 17:10)  

Obrigado pela Contribuiçao destes estudos! Sinteticos e claros. Deus o abençoe nos estudos.
Marcelo Ferreira Pinto, Alfenas, MG

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